Sexta-feira, 15h
Faltavam
três horas. Três horas para o início da festa. A verdade seria revelada e as
mascaras finalmente iriam cair. Monique tinha acabado de terminar o banho e
vestia um roupão. Seu cabelo longo, preto, molhado estava solto e sobre o
ombro. Ela tinha escolhido um vestido lilás tomara que caia que chegava até os
joelhos. E apostara em uma máscara lilás com pequenas correntes com pedras da
mesma cor pendendo na lateral do adereço. Carissa secava seus cabelos chanel
negros e tinha escolhido um vestido tomara que caia rosa, que também chegava ao
joelho e um laço preto que marcava abaixo do busto. Sua máscara era rendada,
com delicados desenhos de rosas negras. As duas se preparavam para a festa.
A
casa decorada não podia dispensar a presença de Esdras percorrendo os
corredores. Sua mania de pregar peças era conhecida por todos, mas aquele dia
ele estava diferente, não brincara com nem uma das meninas, não estava
atrapalhara em nem um momento os funcionários e muito menos discutira a herança
com Breno. Monique escutara um barulho vindo dos corredores, sutil.
- O que foi isso?
- Isso o que? – Carissa perguntou em resposta,
desligando o secador.
- Ouvi alguma coisa no corredor.
- Deve ser algum dos meninos ou os funcionários. –
Falou ligando novamente o secador.
- Se brincar deve ser aquele esculhambado do Esdras.
Volto já.
Monique abriu lentamente a
porta, ela podia escutar ruídos no final do corredor. Saiu do quarto, fechou a
porta lentamente. Olhou para os dois lados e decidiu seguir a direção para as
escadas. Cautelosa ela andou nas pontas dos pés, o silencio se fez. Na curva
para o acesso a escada principal... Nada. Um estalido na direção contrária. Seu
coração acelerou.
A cena parecia ter saído de
um filme de terror. O corredor parecia se alongar a medida que Monique andava
em direção que o som tinha se propagado. No corredor tinha quatro quartos. O
primeiro a esquerda era o dela e o quarto ao lado era onde Esdras estava. Os
quartos a direita estavam em reforma. Ao final uma porta, uma porta que Monique
desconhecia o que tinha atrás. Seus passos lentos. Agora ela já tinha passado
do seu quarto, estava a frente do segundo. Cada vez mais perto.
Naquele momento a jovem não
escutava mais nada, apenas o seu coração. As batidas mais aceleradas, a madeira
sobre seus pés rangendo a cada passo dado. Passara do segundo quarto. Agora
mais perto da porta. Um cheiro estanho estava no ar, algo nada parecido com o
que já tinha sentido antes. Seu coração parecia chegar a boca. O mundo a sua
volta no mute. Monique estendeu a mão, trêmula.
Como todo filme, uma parada
dramática. Ao segurar a maçaneta fria sua cabeça virou, olhando para trás.
Ninguém estava atrás da jovem. Completamente sozinha. Sua atenção novamente
voltada para a porta. Respiração agora ofegante. Um novo estalido. Seus olhos
se arregalaram e por um momento retrocedeu. Tomou ar e coragem e novamente
segurou a maçaneta. Virando lentamente.
- A curiosidade matou a gatinha que você é.
- AAAAAH!! – Monique virou em um sobressalto, sem
ter tempo de ter aberto a porta.
- Que susto Docinho. – Esdras saiu da porta do
quarto e foi até Monique, sinceramente preocupado com a garota.
- Seu canalha pervertido dos infernos, que a terra
se abra e engula você. – Ela falou passando rapidamente por ele. – Que susto!
- Desculpa Gracinha, não foi minha intensão. Mesmo.
– O rapaz a segurou pelo braço.
Naquele
momento Monique pode ver a situação de Esdras. Estava apenas com a toalha na
cintura. Ainda com os cabelos castanhos molhados, seus olhos negros a fitavam
profundamente e ainda sim com carinho e preocupação. As gotas que escorriam por
sua face caiam sobre seu corpo liso, desenhado.
- Certo. – Ela falou se recompondo. – Desculpe, me
assustei.
- Percebi. Me desculpe, não tive intensão. Você tá
se sentindo bem? – Ele falou tirando um fio de cabelo dela do seu rosto.
- Foi o susto.
- É, notei.
- Acho que... Devo ir pro meu quarto. – Ela falou
olhando para os lábios do rapaz.
- Fica bem tá? – Ele acariciava o rosto da jovem.
- É.
- Sim. – Ele falou se aproximando dos lábios de
Monique. Ele podia sentir a respiração ofegante e o corpo trêmulo da jovem.
- Sim. – Rapidamente a jovem se desvencilhou e virou
o rosto. – Não.
- Por que ainda resiste?
- Você é muito convencido sabia?
- Você é linda. – A garota o fitou. – Até mais tarde
então.
A
jovem entrou no quarto e bateu a porta atrás dela. Respirando fundo. Não podia
estar acreditando, aquele garoto não podia estar lhe conquistando. Ela balançou
a cabeça. Tentou esquecer aqueles pensamentos. Se recompôs.
- Você está bem? – Carissa falou saindo do banheiro.
- Eu? Estou ótima. – Falou a garota lançando os
cabelos para trás andando com autoridade até o banheiro para secar os cabelos.
- Pelo visto encontrou com o Esdras.
- Não fale o nome daquele sujeito.
- Não sei por que você ainda nega que gosta dele.
- Carissa, amiga, eu vou lhe dar uma orientação:
dentro deste quarto não se fala e não se pensa em Esdras Evans.
- Mas...
- Nem mais, nem menos mais. Estamos entendidas? –
Monique falou apontando o secador para a amiga.
- Nem mais, nem meio mais. – Carissa levantou as
mãos, simulando um assalto. – Mas e então, descobriu o que era o barulho? –
Voltando a atenção para a maquiagem.
- Não, mas vinha do final do corredor. Você sabe o
que tem atrás da porta do final do corredor?
- Não.
- Bom, também não sei, mas que o barulho veio de lá,
aah isso veio.