domingo, 29 de julho de 2012

O caso Breno #05



Sexta-feira, 19h


     Finalmente era chegada a hora. Os convidados começavam a chegar, elegantes, com máscaras de vários tipos. Curiosos, procuravam por detalhes na festa, algo que tinha sido deixado de lado para tentar criticar. Mas tudo estava perfeito. A casa quase inconfundível, com canhões de luz, dançarinos e o som alto. Tudo aparentava estar perfeito, mas algo estava sendo tramado para aquela noite e a cada som do tic tac do relógio este momento se aproximava.

     Caloroso, Breno sempre fora considerado um bom anfitrião. Elegante, com um terno inglês preto, uma gravata slim da mesma cor e uma máscara veneziana, que lhe cobria o rosto por completo, fazia a recepção dos convidados. Procurava dar atenção a todos os convidados. Para ele, todos os grupos falavam coisas superficiais e sempre mantinha um sorriso amarelo no rosto, mas ele sempre fora um bom ator. Breno gostava mesmo de ficar na sua roda costumeira de amigos, pois esta, apesar de muitas vezes falar de coisas banais, sempre tinham momentos filosóficos.

     Esdras já estava na metade da primeira garrava de vinho tinto, sua bebida favorita. Não se podia dizer que o rapaz não estava elegante em seu terno vermelho e sua máscara preta do Fantasma da Ópera. As convidadas o olhavam curiosas, nunca tinham visto aquele rapaz nas festas sociais de Breno, afinal ele tinha acabado de se tornar membro da família. Algumas flertavam com o rapaz, mas nada parecia lhe agradar até que...


     Lá estavam elas, com o tecido fino dos vestidos que lhe recobriam a pele, uma com os cabelos presos delicadamente em tranças, realçando o delicado desenho do rosto; a outra com o cabelo chanel devidamente escovados, lhe trazendo um ar romântico. As mãos deslizavam pelo corrimão delicadamente, os sapatos altos pareciam ecoar a cada vez que encostavam no degrau seguinte das escadas. Tudo parecia estar em câmera lenta naquele momento, os olhos delineados pareciam se fechar demoradamente e os lábios pareciam proferir algo a cada momento que elas procuravam captar mais ar usando a boca. Carissa parecia outra mulher e Monique mais determinada do que nunca.


     Breno ficou sem palavras. Naquele momento seus olhos não conseguiam mais desviar de Carissa. A garota parecia ter lhe lançado um feitiço. Ao chegar ao penúltimo degrau a garota lhe fitou com um olhar delicado e um sorriso discreto. Seus olhos pareciam brilhar mais do que o de costume. Breno não conseguiu se mover. Mais a frente um jovem elegante e cortês se aproximou de Carissa. Estendeu-lhe a mão, a jovem em resposta lhe cumprimentou. Para uma dança ela tinha sido convidada. Breno apenas sentiu seu rosto esquentar, nunca tinha sentido isso antes, que sentimento era aquele. Impaciente foi para em direção a cozinha.


     Por outro lado, Esdras não conseguiu evitar os passos em direção a Monique, que ainda estava no ultimo degrau da escada. Ele se aproximou da jovem com um sorriso sincero. O rapaz finalmente compreendera o que sentia. Seu coração acelerado batia descompassado. Aquilo nunca tinha acontecido com ele, pelo menos não que ele se lembrasse. Sua mão tocou a mão da jovem delicadamente, que ainda estava no corrimão da escada. Sua reação parecia devidamente pensada, parecia não querer passar da linha com a jovem.


- Você... A Srtª está linda. - Ele falou sem graça.


- Nunca lhe vi tão cortês Esdras. - Monique falou rindo para si mesma.


- Acho que entrei na alma do negócio.


- Percebi. Obrigada pelo elogio, você também... - Ela parou por um instante olhando sua vestimenta. - Está apresentável.


- Você não consegue mesmo ser legal comigo não é? Adoro isso em você. - Ele falou acompanhando a jovem que agora cruzava a pista de dança.


- Não lhe escuto, a música está alta.


- Escuta agora? - Esdras falou puxando Monique pela cintura. Ele olhava fixamente em seus olhos. Nariz roçava com nariz. Os hálitos se confundiam. Ele sentiu o corpo da jovem tremer, nervosa. - Dança comigo?


- Eu... Ãah... Tipo. - Antes que pudesse responder algo ela sentiu seu corpo ser guiado. Ela não conseguia comandar mais seu corpo, apenas se deixou levar aos braços de Esdras Evans.


     Na cozinha Ann Jones comandava todos os garçons em rédea curta. Já tinha arrumado briga com o organizador do buffet. Seu gênio forte não permitia que eles se organizassem como queriam ou como era necessário, sua ordem tinha que ser a última. Igor por sua vez ficava sem reação, afinal de contas não se sentia preso àquelas ordens. Naquela noite ele estava responsável apenas em observar se os cômodos que não estavam sendo utilizados para a festa seria violados.


     O anfitrião se aproximou da bancada da cozinha, pousou agressivamente seu copo sobre ele. Seu rosto vermelho, frustrado. Não podia acreditar que tinha deixado alguém pedir primeiro para dançar com Carissa. Respirou fundo.


- Sr. Breno? - Ann se aproximou o patrão.


- Sim.


- O Sr. precisa de algo?


- Cortem a cabeça dele.


- Sr.? - Ann falou assustada.


- Nada, pensei alto. Como está tudo aqui? - Falou mudando o assunto, mas concretizando a cena em sua cabeça.


- Tirando a parte de que o dono do buffet está achando que minha cozinha é dele, está sim.


- Deixe ele trabalhar Ann, sem confusão.


- Eu deixo, contanto que ele me deixe fazer meu trabalho também.


- Sr. Breno, Sr. Thyeri Bione e a Srtª Bianca Rubens chegaram. - Igor falou deixando alguns casacos de convidados no armário.


- Quanto mais rezo... - Ele se adiantou para recebê-los.


     Bianca Rubens era a prima de Breno. Apesar disso, nunca tiveram uma relação tão próxima por causa do temperamento agressivo da garota. Alta, sempre com expressão séria no rosto, não gostava de ser contrariada em algumas ideias. Sempre elegantes, gostava de se manter sempre apresentável. Casada com Thyeri, um rapaz de mesma natureza, sempre faziam questão de marcarem presença nas festas e reuniões familiares.


     Os pais de Bianca e Breno eram concorrentes nos negócios. Ambos tinham empresas de mesma natureza, a concorrência entre ambos sempre fora disputadíssimos e a rivalidade sempre fora algo presente na vivência de ambos. Após a falência dos negócios do pai de Bianca, ele faleceu e deixara tudo para sua única filha. O pai de Breno comprara as ações e todos os prédios empresariais que pertenciam ao pai da jovem. Essa história laçou a vida de ambos.


- Prima! - Falou Breno com os braços bem abertos.


- Breno. - Ela falou rapidamente.


     Ela estava estonteante. Seu vestido vermelho sangue, longo, com uma curta calda. O vestido desenhava suas belas curvas, sua máscara dourada, delicada, com pedras vermelhas lhe dava um ar medieval. Os cabelos negros lhe caiam sobre o ombro, ondulados. Sua presença no ambiente não passava despercebida. Seu marido estava igualmente elegante. Com um terno preto completo e risca de giz. E sua máscara branca casava com seu chapéu branco, lhe dando um ar de gangster. Formavam um belo casal, era inegável.


- Bem vindos! - Falou cumprimentando Thyeri.


- Obrigado.


- Espero que gostem da festa.


- Vamos gostar, pode ter certeza. - Bianca falou com um sorriso de canto de boa.

1 comentários:

  1. Ahá! Eu li seu cabuloso!!! :P
    Como assim??? oO Eu pensando que a "ação" já ia começar... hunf!!! :P
    Continuação, por favor!!!

    ;) Ann G.

    ResponderExcluir

Marcação

 

Rascunhos Copyright © 2011 | Template design by O Pregador | Powered by Blogger Templates