domingo, 3 de abril de 2011

Uma bebida, por favor.

    Cabisbaixo subo os degraus de um estabelecimento onde está escrito “Bar”, as portas são bastante convidativas. De madeira, elas rangem como uma porta velha de dobradiças enferrujadas. Inúmeras pessoas compõem o cenário: gordas, magras, carecas, verruguentos, velhos ou mesmo jovens. Cada qual segurava uma caneca de inox cheios até a boca de um líquido que à luz dos candeeiros tornava-se escuro.
    No momento em que me sentei no balcão, um senhor corpo lento e com um bigode que mais parecia uma taturana se aproximou trazendo uma caneca e um cardápio. Neste estava escrito:

Bebidas

·         Desespero
·         Rancor
·         Agonia
·         Lamento
·         Tristeza
·         Solidão
·         Incompreensão
·         Agonia
·         Saudade
·         Amor
·         Alegria
·         Entendimento

    Era uma grande lista de bebidas que eles serviam naquele bar, achei estranho. Chamei o senhor que me atendera anteriormente e lhe perguntei que tipo de bebidas eram aquelas que ele servia. A resposta foi apenas uma: lágrimas.
    Abri um grande sorriso e de meus olhos caíram às lágrimas de minha mais recente emoção: Entendimento. Uma por uma foram tomando conta da caneca inox a minha frente. As lágrimas continuaram a cair, mas agora eram de Alegria.
    O senhor olhou meu copo cheio, fez um bico de quem estava impressionado e olhou para mim dizendo que era uma bebida leve, mas muito boa. Sairia-me caro, pois era uma bebida de bom humor e que naquele lugar poucas bebidas como aquelas eram vendidas.
    Não me importei, levantei minha caneca cheia de entendimento e alegria e brindei, com um copo de minhas próprias lágrimas, a um novo futuro.

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