Cabisbaixo subo os degraus de um estabelecimento onde está escrito “Bar”, as portas são bastante convidativas. De madeira, elas rangem como uma porta velha de dobradiças enferrujadas. Inúmeras pessoas compõem o cenário: gordas, magras, carecas, verruguentos, velhos ou mesmo jovens. Cada qual segurava uma caneca de inox cheios até a boca de um líquido que à luz dos candeeiros tornava-se escuro.
No momento em que me sentei no balcão, um senhor corpo lento e com um bigode que mais parecia uma taturana se aproximou trazendo uma caneca e um cardápio. Neste estava escrito:
Bebidas
· Desespero
· Rancor
· Agonia
· Lamento
· Tristeza
· Solidão
· Incompreensão
· Agonia
· Saudade
· Amor
· Alegria
· Entendimento
Era uma grande lista de bebidas que eles serviam naquele bar, achei estranho. Chamei o senhor que me atendera anteriormente e lhe perguntei que tipo de bebidas eram aquelas que ele servia. A resposta foi apenas uma: lágrimas.
Abri um grande sorriso e de meus olhos caíram às lágrimas de minha mais recente emoção: Entendimento. Uma por uma foram tomando conta da caneca inox a minha frente. As lágrimas continuaram a cair, mas agora eram de Alegria.
O senhor olhou meu copo cheio, fez um bico de quem estava impressionado e olhou para mim dizendo que era uma bebida leve, mas muito boa. Sairia-me caro, pois era uma bebida de bom humor e que naquele lugar poucas bebidas como aquelas eram vendidas.
Não me importei, levantei minha caneca cheia de entendimento e alegria e brindei, com um copo de minhas próprias lágrimas, a um novo futuro.
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