Estações da saudade

    Pelas ruas da cidade um poeta escrevia, em um pedaço de papel, as mais belas palavras, nelas diziam que o mundo era enorme e o comparava com seu amor pela bela dama. Fitei aquele instante e lembrei  de você. Um dia você me disse que partiria e a saudade ali me abateu. E no pequeno instante do aceno de sua delicada mão me tornei só. Em fim a saudade me consumiu e nada pude fazer. Agora confirmo que o mundo é enorme e nele me faço perdido, aguardando o momento de seu regresso.

    O calor que fazia durante o verão, naquele dia me fez triste. Ali pude ver que o calor queimava menos do que a dor da saudade. Poderia eu estar mais desesperado? Sabia que ali você partiria e teria que esperar por estações completas até lhe reencontrar.

    As folhas, que agora caiam sobre a estrada, me faziam lembrar que o tempo corria. Aquela bela cena, das folhas caindo ao ritmo da brisa, apesar de linda, me trazia melancolia. Os dias pareciam correr cada vez mais lentamente.

    Nos poucos momentos que me sobraram naquele inverno, praticamente todos pude sentir as gotas frias da chuva. Quase podia sentir, uma por uma, caindo sobre minha pele. Elas pareciam lavar minha alma e me levavam à acreditar. Pude então me sentir mais tranquilo, mas mesmo assim a saudade não diminuiu.

    Mas enfim as flores brotaram, as borboletas bateram as asas e novamente senti as doces fragrâncias no ar. Pude sentir os raios do sol com mais intensidade. Meu corpo se esquentou. Minhas mãos puderam tocar os fios de seu cabelo e meus lábios tocaram sua pele e não pude acreditar que o mundo me permitiu estar ali. Enfim entendi o mundo, o grande mundo. Compreendi os poemas do poeta. Compreendi as estações. Será que me fiz ser compreendido?