As palavras das irmãs, Clara e Escura, ecoavam na cabeça do jovem rapaz.
O bem e o mau pareciam se completar mesmo na vida. Uma não existia sem a outra.
Agora os grãos de terra da estrada pareciam ser mais perceptíveis, a brisa que
soprava parecia ser mais refrescante, mas ainda sim a estrada parecia longa.
De repente, uma figura
estranha aparecia mais adiante. Corpulenta, parecia caminhar com dificuldade.
Parecia se apoiar sobre uma pequena bengala. Vestida de preto, a figura
tentava, com dificuldade, sentar embaixo de uma enorme árvore. A sombra que
esta fazia parecia agradável, a brisa ali parecia ser mais fresca.
Alício se aproximou. A
figura já se encontrava em repouso, encostada no tronco da árvore. O tecido
negro que vestia cobria todo seu corpo, apenas as mãos enrugadas ficavam de
fora e seguravam em seu colo a sua bengala velha. Temeroso e ao mesmo tempo
preocupado o jovem se aproximou e sentou ao lado da figura velha.
“Cansada Senhora?” Alício
perguntou tentando distrair os pensamentos daquela Senhora. Levantando a cabeça
lentamente e figura se mostrou. Seu rosto enrugado, sua face parecia cansada,
abatida, os cabelos brancos curtos, apenas a franja podia ser vista. Mas os
olhos, que belos olhos. Azuis, transpareciam calma, esperança, suavidade,
felicidade e serenidade. “A vida me fez ser forte, mas o tempo desgastou meu
corpo” falou a senhora.
“Mas o tempo apenas
começou para mim” falou uma bela jovem que surgira detrás da árvore. Usava um
vestido preto: um espartilho lhe apertava o tronco em quanto a parte de baixo
chegava até seu joelho. Nos pés uma sapatilha de balé também preta e nas mãos
luvas bordada a mão. “E para mim acabou” e com um último suspiro a senhora
fechou seus olhos, sorriu, e dormiu o sono eterno.
“A morte é rápida” afirmou
Alício, “A vida é rápida, em um rápido instante tudo acaba” completou a jovem.
“A vida é curta” concluiu o rapaz. “A vida tem um cronômetro e ela termina na
12ª badalada do relógio” a garota falou apontando para o alto do tronco da
árvore, lá estava entalhado a figura de um relógio e os ponteiros indicavam as
12hs.
0 comentários:
Postar um comentário