sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um Contador de histórias (p.4)



           As palavras das irmãs, Clara e Escura, ecoavam na cabeça do jovem rapaz. O bem e o mau pareciam se completar mesmo na vida. Uma não existia sem a outra. Agora os grãos de terra da estrada pareciam ser mais perceptíveis, a brisa que soprava parecia ser mais refrescante, mas ainda sim a estrada parecia longa.

         De repente, uma figura estranha aparecia mais adiante. Corpulenta, parecia caminhar com dificuldade. Parecia se apoiar sobre uma pequena bengala. Vestida de preto, a figura tentava, com dificuldade, sentar embaixo de uma enorme árvore. A sombra que esta fazia parecia agradável, a brisa ali parecia ser mais fresca.

         Alício se aproximou. A figura já se encontrava em repouso, encostada no tronco da árvore. O tecido negro que vestia cobria todo seu corpo, apenas as mãos enrugadas ficavam de fora e seguravam em seu colo a sua bengala velha. Temeroso e ao mesmo tempo preocupado o jovem se aproximou e sentou ao lado da figura velha.

         “Cansada Senhora?” Alício perguntou tentando distrair os pensamentos daquela Senhora. Levantando a cabeça lentamente e figura se mostrou. Seu rosto enrugado, sua face parecia cansada, abatida, os cabelos brancos curtos, apenas a franja podia ser vista. Mas os olhos, que belos olhos. Azuis, transpareciam calma, esperança, suavidade, felicidade e serenidade. “A vida me fez ser forte, mas o tempo desgastou meu corpo” falou a senhora.

         “Mas o tempo apenas começou para mim” falou uma bela jovem que surgira detrás da árvore. Usava um vestido preto: um espartilho lhe apertava o tronco em quanto a parte de baixo chegava até seu joelho. Nos pés uma sapatilha de balé também preta e nas mãos luvas bordada a mão. “E para mim acabou” e com um último suspiro a senhora fechou seus olhos, sorriu, e dormiu o sono eterno.

         “A morte é rápida” afirmou Alício, “A vida é rápida, em um rápido instante tudo acaba” completou a jovem. “A vida é curta” concluiu o rapaz. “A vida tem um cronômetro e ela termina na 12ª badalada do relógio” a garota falou apontando para o alto do tronco da árvore, lá estava entalhado a figura de um relógio e os ponteiros indicavam as 12hs.

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