domingo, 9 de outubro de 2011

Um Contador de histórias (p.5)



         Alício ficou impressionado com aquela cena. Voltou a caminhar pela estrada refletindo, com a mente ainda meio bagunçada. Não importava o quanto a vida poderia parecer longa, ela tinha um fim e as vezes este fim podia surgir em um instante, de repente.

         A visão daquela Senhora não lhe saia da cabeça. Seu semblante calmo apesar de tudo, clamando pelo fim. Teria aquela velhinha, conseguido tudo o que gostaria? E acima de tudo, será que ela tinha sido feliz? Sim, provavelmente, em seus olhos Alício pode ver que tudo estava em paz. O jovem respirou fundo e acelerou os paços.

         Novamente mais duas figuras vinham em direção a Alício. Vinham de braços dados, os olhos se fitando, o sorriso era enorme, o carinho e o amor transbordavam dos dois. Um rapaz magro, com cabelos raspados, olhos castanhos e pele bem clara. A garota tinha cabelos bem longos e ondulados, castanhos, seus olhos brilhavam ao admirar os olhos do seu companheiro.

         A harmonia do casal era tanta que não perceberam a presença de Alício ali no meio da estrada. “Na vida o amor” falou o homem calmamente fitando a mulher. “Apenas o amor” ela completou e juntos terminaram “É o que importa”. Seguiram o caminho contrário do jovem ainda sem perceber a presença de Alício.

         Alício parou um instante para refletir, olhando as sobras do homem e da mulher sumirem ao longe. “Apesar da escuridão e da claridade, apesar do curto tempo, o amor é o que importa”. Em um repentino salto o Gato novamente surgiu na frente do jovem, com um largo sorriso. “Em um pequeno instante, em momentos bons e ruins, apenas o amor faz a vida”.

         O rapaz respirou aliviado, olhou para o Gato e juntos seguiram a caminhada na estrada da vida.

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