O sol nasceu para nós. Os lençóis quentes
que nos cobriam traziam paz para nossos corpos, seu cheiro inebriante em minha
cama, seus fios de cabelo no meu travesseiro, sua pele quente sobre a minha,
suas mãos em meu peito, você completa em meus braços.
Seus
olhos brilhavam com o nascer do sol, seu belo sorriso, você estava perfeita em
meus braços. Se eu pudesse parar o tempo ali, te ter eternamente comigo. Te
abracei forte, beijei o alto de sua cabeça. Você estava linda, como um anjo
inocente e perfeito.
Você
levantou da cama, deixou seus cabelos balançarem ao vento. Seu corpo nu parecia
ceda lisa, parecia se mover ao ritmo de uma música inaudível aos mortais deste
mundo, a melodia era seu balanço e as letras a sua história. Te beijei a nuca.
Meu cheiro se misturava ao seu.
Porque
insistia em partir? Poderia ter ficado comigo para sempre. Minha casa era
grande o suficiente para nossos corpos habitarem. Seu celular tocou, era seu
marido, então lembrei o motivo de sua partida todas as manhãs. Ao menos ainda
tinha você, ou pelo menos parte de você.
Agora
vestida você não mais me pertencia. O que eu poderia fazer? Você tinha que ser
minha. Seu sorriso ainda perfeito, seus cabelos balançando delicadamente, seus
olhos brilhantes, nada me era necessário a não ser você. Você era meu sol,
minha lua e mesmo todas as estrelas do céu, nem todas elas juntas, poderiam
formar você.
O
café que eu fazia todas as manhãs estava lhe esperando. Era um café forte como
você sempre gostou. Seu sorriso de satisfação me deixava feliz, apenas eu sabia
o que você precisava e gostava. Aquela caminhada até minha geladeira foi
marcante para mim, você nunca tinha proferido aquelas palavras, era tímida eu
sei. Te compreendia muito bem apenas pelo olhar. Sua caneta rabiscando o bloco
de notas em minha geladeira.
Levantei,
lhe dei um beijo de despedida. Será que você veria? Alisei seu rosto, seus
cabelos. Eles se entrelaçavam em meus dedos. Seu cheiro, eu não gostaria de esquecê-lo
nunca. Então você se foi, tive que deixá-la ir. Será que você veria?
Em
minha geladeira suas letras no bloco de notas “te amo eternamente, se isso é
possível. Pedirei o divorcio hoje”. Minha felicidade no ápice. Finalmente você
seria inteiramente minha, incondicionalmente.
A música de
seus movimentos, aquela que apenas eu escutava, foi interrompida. Uma freiada
brusca. Um som curto e rápido decidia nosso destino. As lágrimas rolaram de meu
rosto e eu me perguntava se ao menos você teria visto as escritas no copo de
seu café: eu te amo eternamente, se isso é possível. As mesmas palavras
escritas por nós, apagadas por um motorista bêbado.
A vida
parecia querer me tirar você. Um motorista, um movimento. Não combinavam com
nossa história, com seu movimento. Tudo parecia não fazer sentido, por quê?
Voltei no tempo, te tive novamente em meus braços. Eu não entendia o motivo,
não compreendia o final daquele amor. Apenas sei que não posso mudar o futuro,
ele já está escrito. Te deixar partir mais uma vez foi difícil, mas te ter novamente
foi essencial. Aproveitei cada minuto ao seu lado até ouvir o motorista que me
tirou você quando te deixei ir.
Nossa, adorei Igor! Como sempre, muito sensível. =)
ResponderExcluirObrigadão Monique hehehe ;]
ResponderExcluirMuito lindo!!
ResponderExcluirAdorei!
Valeu Carissa ^^
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